segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Castelo de Paderne - Terminaram as obras de recuperação

 Terminaram as obras de recuperação do Castelo de Paderne no fim do mês passado. Neste processo foram mais uma vez utilizadas técnicas que remontam á sua origem, no caso em questão a técnica foi a taipa militar.

Graças a esta técnica foi possível recuperar em primeiro lugar a torre albarrã seguindo-se  depois o pano de muralha numa aproximação á ideia original deixada pelos construtores da fase almoada.

Ainda se pode ver por lá os restos utilizados na recuperação : Terra argilosa, brita, areia e cal. Este processo de construção revelou se mais rápido e mais eficaz em termos de construção.

A gestão do castelo está a cargo do município que está a preparar a próxima intervenção que passa por um centro de interpretação para demonstrar todo o trabalho de restauro feito até hoje assim como mostrar o que ali ja foi escavado e o que já se descobriu.

Vamos esperar pelo dito centro.....










Fotos . José Alberto Ribeiro 

  

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Conservação e restauro dos modulos de taipa do Castelo de Paderne ( Fase 2)

O castelo de Paderne é um imóvel de interesse público pelas suas características, soluções arquitetônicas e singularidades de uma fortificação construída num período muito conturbado da História. Refira-se que este monumento tem revelado importantes descobertas que contribuem para o conhecimento do período islâmico, como por exemplo, o facto de todo ele ter sido resultado de um projeto urbanístico previamente desenhado e definido, estruturado a partir de uma rua principal, a partir da qual partiam outras ruas secundárias paralelas entre si, com um complexo sistemas de escoamento das águas pluviais e residuais, estando as antigas casas muçulmanas organizadas em quarteirões, com caraterísticas arquitetônicas da casa mediterrânea.

Trata-se da segunda fase das obras de restauro e estão a cargo da empresa "In Situ" , garantindo a recuperação, tanto por dentro como por fora, de parte da muralha virada a nordeste em frente à torre albarrã e da porta de entrada em cotovelo.






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A segunda fase continua..... 

Fotos - Jose Alberto Ribeiro

domingo, 5 de março de 2023

Requalificação do Castelo de Paderne ( Segunda fase)

A segunda fase de requalificação do Castelo de Paderne teve inicio em Janeiro e terá a duração de oito meses.
Esta intervenção irá asegurar assim a recuperação de toda a muralha em taipa a Nordeste, na zona da torre albarrã, assim como da entrada em cotovelo.
A primeira fase das obras ocorreu em 2018 e teve como objectivo recuperar a torre albarrã.






















Fotos - José Alberto Ribeiro

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Banhos Islâmicos de Loulé


 Loulé

Banhos Islâmicos ( Hammam)

Os Banhos Islâmicos de Loulé são um complexo público do final do período da ocupação islâmica do Algarve (terão funcionado entre os séculos XII e XIII), tendo sido ocupados no século XV como habitação.










As obras que decorreram quiseram valorizar não só os Banhos, assim como os vestígios arqueológicos da casa nobre do final do século XV e da muralha medieval e moderna.


Fotos José Alberto Ribeiro


sexta-feira, 30 de julho de 2021

Museu Municipal de Aljezur

  Museu Municipal de Aljezur

Castelo de Aljezur

Garrafa vidrada a verde

Época Almoada

Sec - XII / XIII

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Museu Nacional de Arte Antiga - Exposição Guerreiros e Mártires

 A Cristandade e o Islão na formação de Portugal

Bocal de poço

Período Almoada Sec- XII / XIII

Cerâmica policromada decorada a corda seca.

Local - Cadiz , Espanha

Os bocais de poço em cerâmica vidrada faziam parte do ambiente domestico dos palácios e das casas mais abastadas.

A sua decoração podia variar mas os motivos mais comuns eram os geométricos, arquitectonicos e mesmo motivos florais ou epigráficos, representações zoomórficas ou apotropaicas também apareciam embora sejam menos comuns.

Fotos - José Alberto Ribeiro







terça-feira, 8 de setembro de 2020

A representação figurativa no mundo Muçulmano

                                   


                                     

" Bendito seja o Aquele que concedeu ao profeta Maomé belas ideias para decorar as suas mansões"

Ibn Zamrak


Em nenhuma parte do Corão se proíbe a representação figurativa, apenas existe um cuidado em não voltar ao antigo paganismo. Antes da criação do Islão existia na Síria e Ásia Menor uma certa tendência para suprimir a representação figurativa em prol da representação floral ou mesmo geométrica.

Esta tendência em suprimir a representação figurativa vem desde os tempos dos "hadices ( أثر )" de tradição oral na época Abassida em que realmente se insiste na intenção de evitar a idolatria uma vez que o culto deve ser feito só e só a Deus.

                                               

Na realidade a representação artística figurativa está presente no Islão desde os tempos mais remotos, a própria Kaaba aquando da sua remodelação, devido ao seu estado ruinoso, na época de Maomé no ano de 608 estava enfeitada nas paredes e tectos de pinturas (suwar) com profetas, árvores e até anjos. Nos seus pilares da porta estavam representados o profeta Abraão assim como Maria com jesus ao colo.

Com o passar dos tempos as representações figurativas foram se afastando dos edifícios religiosos passando então para a esfera privada das habitações. Regra geral a representação figurativa, entre as quais a humana, permanece durante o séculos seguindo cada um dos períodos do poder Muçulmano.                                         

                                           

 A tradição clássica encontrada na Península Ibérica e a a tradição que foi trazida do Oriente unem-se para mostrar temas com imagens da vida em que são narradas cenas da vida na corte assim como cenas de caça ou jogos ou mesmo músicos. è graças a este testemunhos que chegaram ate aos dias de hoje que é possível mais sobre os protocolos oficiais , a vida quotidiana, formas de vestir e a sua evolução. A variedade de animais representados é grande assim como os suportes onde estavam representados tais como armamento, azulejos, tecidos e peças em bronze. As representações figurativas não aparecem só na arquitectura, elas estão presentes nas primeiras peças de cerâmica dourada época Abassida e que tiveram continuação no Egipto até peças de uso quotidiano   como são as figuras femininas usadas em amuletos ou mesmo em brinquedos. 

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Durante o período Fatimida a sua cerâmica dourada também usou a figuração como um dos motivos decorativos. Algumas peças representam figuras femininas tocando instrumentos musicais e mostrando assim aspectos da vida quotidiana tais como adornos, penteados a forma de vestir ou mesmo ate de se sentarem, como adornos complementares das peças era possível ver ainda elementos vegetais .


Fonte - Purificación Marinetto Sánchez /  2020

             Junta de Andalucia - Consejeria de la Cultura y Patrimonio Historico de la Alhambra e                                                              Generalife

Fotos - José Alberto Ribeiro / Museo de Alhambra ( foto de cerâmica dourada)

                   

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Castelo de Paderne de portas abertas em agosto e setembro





Em Agosto e Setembro, as quartas-feiras são dias de visitar o Castelo de Paderne, com as portas a abrirem-se às 9h30 e fecharem às 13h, sendo uma excelente oportunidade para conhecer um dos mais interessantes monumentos da História da região, numa iniciativa do Município de Albufeira.

A 100 metros de altitude, o Castelo de Paderne marca bem a sua presença na paisagem. Situa-se numa espécie de península formada pela Ribeira de Quarteira e por vales férteis, com abundante produção agrícola, numa zona estratégica, entre o Litoral e o Barrocal algarvio e entre Loulé e Silves. Foi construído no século XII durante o domínio Almóada, um período no qual os árabes organizaram um forte sistema defensivo por forma a tentar impedir a política expansionista dos cristãos, política essa iniciada com D. Afonso Henriques e seguida pelos seus sucessores. No entanto, a primeira referência escrita sobre esta construção data precisamente de 1189. Como prova, os trabalhos de arqueologia realizados, demonstraram que a ocupação humana daquele «hisn» remonta a meados do século XII.  

terça-feira, 12 de maio de 2020

Pesos e medidas de origem Islâmica em Portugal




O legado Islâmico no actual espaço Português não deve ser apenas atribuído a expressões, hábitos, costumes e artes e ofícios, foi também muito importante a nível de conceitos reguladores tais como medidas e pesos que ficaram para sempre enraizados na nossa cultura, muitos desses conceitos ficaram enraizados ate finais do século XIX aquando da introdução do sistema métrico decimal tendo a sua expressão maior  nos espaços culturais mais rurais e periféricos das grandes cidades, dois bons exemplos são os alqueires, as arrobas e os arreteis .
Uma das referencias base era o almude do próprio Profeta Muhammad ( Mud Al-Nabi) que assentava na quantidade de grãos ou frutos que cabiam nas duas mãos juntas do profeta.
A herança não ficou apenas no sistema métrico, alargou-se também na forma de generalizar, uniformizar e controlar o uso desses mesmo conceitos.
A Hisba Islâmica, técnica e pratica de aferição no mundo Islâmico, estava a cargo do Al-muhtasib e sua tarefa consistia em fiscalizar os preços ao exame das respectivas mercadorias assim como o controle das medidas padrão e das balanças que os mercadores usavam no seu quotidiano e tentar também regular e castigar os infractores quando eram detectadas medidas menos corretas.




Instituições de controle

Verdadeira herança de uma civilização urbana, toda esta actividade de aferição e controle passou para a administração Cristã do comercio e vida nas cidades surge assim o almotacè ( al-muhtasib).
O almotacè herdou basicamente as funções do seu antecessor Islâmico e existiram desde o reinado de D.Afonso III, sendo criada em Dezembro de 1253 a lei da almotaçaria, e cada concelho tinha o seu responsável, mais tarde ja no reinado de D. Afonso V  foi criado em 1441 o cargo de almotacem-mor do reino com as respectivas funções alargadas sobre todos os almotacès concelhios.
Ligado a estas funções de uniformização e controle de produtos enquanto padrão foi criado o alquiez (do árabe al-qias - regra, medida, padrão) que era os riscos talhados nas pedras normalmente na entrada dos castelos e residenciais senhoriais e ate em igrejas e são disso exemplo os  casos dos castelos do redondo e de Monsaraz.


Pesos

Adarme - Do árabe fonético Ad-dihram era o valor para materiais pequenos ou preciosos no período Islâmico e tinha o valor de 1,79 gramas.

Alukia - Do árabe Al-uqqa, valia no período Islâmico 26,64 gramas e desde cedo perdeu esta denominação passando a chamar-se na monarquia Portuguesa onça, mantendo-se com esse nome até á reforma de D. João VI.

Arretél - Conhecido por Arretêl mourisco ou comum vem do árabe al-ratl. Foi das unidades de peso que mais tempo se mantive na nomenclatura Portuguesa, para alem da sua permanência na tradição oral das zonas mais periféricas, ainda constava na segunda metade do século XX.

Arroba - Do árabe Ar-.ruba foi o valor mais estável da historia de Portugal e valia 14.663 kg, tinha no reinado de D.Afonso V o valor de 14.675 kg.

Metical - Do árabe Mithqal vulgarizou-se como um oitavo de onça e tinha o valor de 3,58 gramas.

Quilate - Do árabe Quirát, ainda hoje tem a mesma designação e é usado para medir ouro e pedras preciosas. O seu valor foi alterado em diversas ocasiões. No período Islâmico o seu valor era de 0,89 gramas.

Quintal - Do árabe Quintar, valia no período Islâmico 58.654 kg, a sua designação manteve-se ate os dias de hoje em que vale 100 kg.


Capacidade ( Líquidos)

Alcadafe - Do árabe Al-qadah era um valor de articulação entre os líquidos e os secos e tinha os valores de 18 litros para 14,663 kg.

Almude - Do árabe Al-mudd, o primeiro almude foi o Mudd al-nabi (do profeta), valia 610,96 gramas e 0,75 do litro e foi este o sistema base para todos os pesos e medidas de capacidade no mundo arabo-Islâmico. O seu valor era de 2,44 kg para três 3 litros e correspondia a 4 almudes do profeta no Al-Andaluz.

Quayra - Do árabe Kayla ( medida) é um termo divergente do alqueire e era usados para secos e líquidos. valia nos primórdios da monarquia Português o equivalente ao valor Islâmico que era de 7,33 kg para 9 litros.

Tagra - Do árabe Taghar valia aproximadamente 1,5 litros e a sua designação foi desaparecendo e deu origem á canáda.


Capacidade (Secos)

Alqueire - Do árabe Al-kail valia 3,665kg ou 4,5 litros no período Islamismo. Sendo medida de secos, os litros secos foram entendidos enquanto conceito semelhantes á arroba no entanto sendo medida maioritariamente de litros secos foi com ela que sempre se mediu o azeite e o mel.

Cafiz - Do árabe Qafiz, no período Islâmico existiam dois tipos, o grande e o pequeno.
O grande correspondia ao quintal com 58,653 kg para 72 litros e o pequeno tinha o valor de duas arrobas , ou seja, 29326 kg para 36 litros.

Fanga - Do árabe Faniqa era a unidade articular, nos secos, equivalente á arroba e ao Alcadafe e tinha o valor de 14,663 kg para 18 litros. Correspondia a duas taligas e 4 alqueires.

Maquia - Do árabe Makila, correspondia no mundo Islâmico a 916,4 gramas para 1,125 litros.
Na expressão popular o termo passou a designar a quantidade que os moleiros e os lagareiros tiravam para si de uma quantidade recebida como pagamento pelo seu trabalho , digamos que era a sua percentagem.

Taliga / Talega - Do arabe Tá-liqa tinha o valor de 7,33 kg para 9 litros.Na reforma de Dom . Manuel foi equiparada ao alqueire fazendo desaparecer assim o grande desajustamento das taligas.

Salamim - Do árabe Thamani correspondia no período Islâmico a 458,2 gramas por 0,562 litros


Medidas de Comprimento ou Lineares

Côvado - Derivado do latim Cubitus, media 0,557 m ou perto dessa medida. Ainda hoje estão á vista nos castelos de Monsaraz e do Redondo os seus côvados que são respectivamente 0,555 m e 0,553 . Não existem registos de até quando esteve em vigor pois no tempo de Dom. Manuel o valor do côvado foi alterado para 0,66 m.

Vara - Aparece também referida nos castelos do Redondo e de Monsaraz junto ao côvado com a medida de 1,10 m, valendo portanto 2 côvados exactos.

Braça - Tinha a medida de 2,20 m, ou seja 4 côvados exactos, ou duas varas e manteve-se com esse valor ate á introdução do sistema decimal. Este valor correspondia ao Bà árabe.


Medidas Agrárias

Adival - Do árabe At-tiwal, era uma corda de carro e media 48 côvados, ou seja 28,4 m e servia para medir terrenos. O termo adival aplicava-se também a um terreno com 2304 côvados quadrados e correspondia a 697 m2.

Alqueire de Terra - Medida de superfície com 15625 palmos quadrados ou 568 m2.

Fanga de Terra - Tinha uma area de 2275,25 m2, que levava de semeadura o equivalente a 4 alqueires ou 58,754 litros de semente.

Fonte - Pesos e medidas de origem islamica em Portugal ( Notas para o seu estudo) de António Rei

Foto - Google